"Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil!"
Bom, há algum tempo que o hino da capital fluminense não condiz com a sua realidade, e tivemos uma visão mais clara com os últimos acontecimentos dessas semanas, na antiga, cidade maravilhosa.
Como tudo começou:
Desde o dia 21 de novembro, ataques e incêndios em veículos assustam motoristas e moradores do Rio. Para as autoridades de segurança, as ações são uma retaliação dos traficantes contra a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nos morros e favelas.
Um dia após o início dos ataques, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, e o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, ligaram a série de ataques à política de ocupação de favelas e à transferência de detentos para presídios federais. Beltrame já não descartava mais ataques de "traficantes emburrados" e afirmou que o Rio não mudaria sua política de segurança pública.
Na quarta-feira (24), um grupo de criminosos que ateou fogo a um ônibus em Vicente de Carvalho (zona norte do Rio) deixou um recado em um bilhete para a polícia: "se continuar as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) não vai ter Copa e nem Olimpíadas". A polícia disse que o aviso foi deixado no veículo e que seria uma forma de "intimidar" as autoridades.
As primeiras operações deflagradas para impedir o confronto e coibir os ataques a veículos provocaram mortes de civis e suspeitos. Uma das vítimas foi a estudante Rosângela Barbosa Alves, 14, baleada durante confronto entre PM e traficantes na Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio. Atingida nas costas, a menina chegou a ser levada a um hospital, mas não resistiu.
Ainda na quarta-feira, o governador do Rio pediu ajuda à Marinha brasileira. No dia seguinte, carros blindados participaram das operações, concentradas na zona norte.
Na quinta-feira (25), 5º dia de ataques, policiais civis e militares, usando veículos da Marinha e também o Caveirão, ocuparam a Vila Cruzeiro, provocando a fuga de criminosos para o conjunto de favelas vizinho, o Complexo do Alemão.
O secretário Beltrame disse que a polícia permaneceria no local. "Não vamos sair da Vila Cruzeiro. É importante prender essas pessoas, mas é mais importante tirar território. Ações de repressão como as de hoje são importantes como parte de um projeto maior que é a retomada de território pelo Estado", disse.
À noite, foram anunciados mais reforços para as operações: 300 agentes da Polícia Federal e 800 homens do Exército. O Ministério da Defesa também autorizou o envio de dois helicópteros, dez veículos blindados de transporte, equipamentos de comunicação e óculos para visão noturna.
Na manhã de sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu toda a ajuda possível às autoridades do Rio nas operações. "Eu disse ao Sérgio Cabral que o governo federal ajudará no que precisar para que as pessoas de bem vivam em paz no país", disse à imprensa em Georgetown, capital da Guiana.
A segunda se resumiria em operações de patrulhamento nos cerca de 40 acessos aos morros, sendo chefiada pelo Comando Militar do Leste. Questionado sobre a possibilidade de confronto entre militares e criminosos, o general Adriano Pereira Júnior, comandante Militar do Leste, afirmou que, caso houvesse troca de tiros, "infelizmente vamos ter que partir pra isso".
E agora ?
A todo momento chega novas notícias do Rio de Janeiro, e a situação não parece perto de uma solução satisfatória e o confronto ainda continua.
Estamos vivendo uma verdadeira guerra civil, em um dos estados mais importântes do nosso país.Mas a grande questão do impasse entre traficantes e polícias é quando isso vai terminar, e como dizem os cariocas "Teremos paz!".
De um lado, pessoas vivendo a margem da sociedade, fazendo suas próprias leis, e controlando favelas do tamanho de cidades, sim, favelas da dismensão de Vila Cruzeiro e Complexo de Alemão, por exemplo.São maiores que muitas cidades espalhadas pelo país.
Do outro uma polícia destruturada e despreparada, uma corporação que está a ponto de quebrar, com salários medíocres, policias cada vez mais corruptos, em alguns casos não sabemos quem é mais criminoso, aquele que esta no moro ou este andando de viatura pela cidade.
É bem verdade que essas UPPs expulsaram os traficantes, mas será que a paz reinou em moros 'pacificados' ? Não! Os mesmos policias que tomaram o moro, criaram as milicias, cobrando impostos pela falsa segurança que proporcionavam, várias mílicias, instaladas em vários pontos da cidade,não demorou muito pra quê perceberem que a concorrência estava crescendo e começar mais uma modalidade de rivalidade no Rio de Janeiro, não mais aquela de traficantes lutando por pontos de drogas, agora são as milícias, com uma quantidade enorme de policías ou ex polícias, muitas vezes até como líderes dessas novas facções.
Sinceramente não sei o rumo que será tomado, mas infelizmente quem mais perde com isso é a população, ganhando apenas sofrimento, medo e desilusão.De ver a nossa antiga Cidade Maravilhosa, se transformar no que é hoje.
Precisamos de uma verdadeira revolução, na segurança nacional.Polícia, fazendo papel de polícia, pra quem sabe um dia, voltarmos a cantar o nosso antigo hino.
postado por: Guga Lourenço 03/12/2010